domingo, dezembro 28, 2008

"Burn this house
Burn it blue
Heart running on empty
So lost without you
But the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she’s free to fly…

Woman so weary
Spread your unbroken wings
Fly free as the swallow sings
Come to the fireworks
See the dark lady smile
She burns…

And the night sky blooms with fire
And the burning bed floats higher
And she’s free to fly…
Burn this night
Black and blue
So cold in the morning
So cold without you
(...)"


Quero tocar-te mas tenho as mãos secas.
No frio que vem fazendo, deixei-me congelar, e agora que te quero tocar, já não sou capaz. De tão frias, as mãos secaram, a pele enregelou, abriram golpes e inflamou. Quero tocar-te, mas tenho as mãos muito secas.

Quero olhar-te, mas já não sei.
Deixei de ver no dia em que te vi. Perdi os enquadramentos todos, encheste-me a tela mental e só te soube pintar a ti. Deixei de olhar porque dizias-me que eras o mundo inteiro dentro de ti e que esse mundo inteiro era tudo o que eu podia querer. Deixei de ver porque acreditei em ti.
Acreditei sempre tanto em ti.
Mas agora está muito frio, e eu virei-me para dentro. Demorei a saber onde estava o que ainda sobrava de mim depois do ciclone que foste.

Mas uma névoa embrulhou-me os sentidos e fez-me correr tão devagar que reconheci o caminho.
Virei-me para dentro, para me aquecer. Mas tu não estavas lá, e não encontrei o teu cheiro pelos cantos desse lugar abandonado.

Só vi pó, e memórias que eu mal reconhecia.

Vi-me a mim. E deixei de te ver nesse dia.
Agora quero ver-te, mas já não consigo.

Deixei de ouvir-te.
Cantavas as músicas que eu quis que fossem minhas, que eu inventei que era eu a cantá-las. Acompanhava-te, e dançava, e sorria até chorar. Cantavas também, e eu sabia os teus poemas de cor.
Mas tu nem sabias que eu escrevia...
Tu não lias os meus poemas nem cantavas as minhas canções.

Com frio, liguei o fogo e incendiei-me. Dancei pela madrugada até ouvir outra vez o rouxinol. Cantei as minhas músicas, com saias compridas...Yo soy como el chile verde, Llorona...
Dancei despenteada, fiquei sem voz, de tanto ter cantado para mim.
Agora não reconheço o teu som. Falas e eu oiço o teu eco. Não entendo mais o que cantas, os teus poemas deixaram de ser os meus, reencontrei-me nas minhas palavras, naquelas que nunca soubeste ler.

Quero chegar a ti, mas já não consigo andar.
De tanto ter dançado nessa noite, fiquei deitada, dias a fio, noites em claro, a cantar por dentro, a ouvir-me, e saborear os meus suspiros, a ouvir a solidão. Já não sei andar, só consigo dançar. E agora, que queria chegar a ti, entendi que os teus passos não são os meus passos, não temos o mesmo ritmo, não andas descalço, não vamos pelo mesmo caminho.

Queria chegar a ti, mas não sei onde te escondes, nem sei se te sei procurar. Não sei do teu lugar nem dos teus segredos, não sei dos teus sonhos.

E os meus sonhos voltaram a ser donos de mim. Vieram buscar-me, e eu fui.

E agora, com as mãos secas, os olhos que não te vêm, os sons que não reconheço mais, os passos que não sei dar, vou voar...
De mãos abertas, olhos fechados, no silêncio dum caminho que não chegaste a conhecer.

O meu lugar é onde os sonhos são vividos descalça, de saia comprida, em frente a um fogo que me faz despenteada, livre, feliz.

Até um dia, meu amor.

*Mó
28.12.08

"And of the dark days
Painted in dark gray hues
They fade with the dream of you
Wrapped in red velvet
Dancing the night awayI burn…
Midnight blue
Spread those wings
Fly free with the swallows
Fly one with the wind
Y ella es flama que se eleva,
Y es un pájaro a volar
Y es un pájaro a volar
En la noche que se incendia,
El infierno es este cielo
Estrella de oscuridad
(...)"

Caetano Veloso & Lila Downs. Burn it Blue.

terça-feira, novembro 25, 2008

Mon amour

Mon Amour

Tout a commencé quand nos regards se sont croisés,
Tu a renversé mon coeur, tu l'a fait chaviré.
Un vent d'amour m'a fait perdre la tête
Notre histoire est née pour ne pas qu'elle s'arrête.
Notre amour grandit de jour en jour
Je te laisse entrer et ferme mon coeur à double tour.

Tout deviens beau et merveilleux
Quand je vais me noyer au large de tes yeux.
Des sentiments encore ignorés se sont crées
Il faut les conserver et ne jamais les briser.
Dans tes bras je pars m'envoler
Dans un monde doux et sucré.

La flamme de mes yeux s'est allumée
Le soir ou nos lèvres se sont touchées.
Aujourd'hui le destin nous appartient
A nous seul de savoir prendre le même chemin.
Mon amour pour toi est le plus grand
Je n'ai aucun doute sur mes sentiments.

Je t'aime.

- Julie Jamar -



When we talk in French, love seems more lovely...seems like it gets an unusual swetness. My love, Mon amour, is that the same?

segunda-feira, novembro 24, 2008

I didn't notice you were there. That you were always there, in some place I didn't recognize.



I used to sleep a lot, and dream a lot, and hope that one day I could wake up and turn the dreams into realities. But I didn't notice you were there.



We all have a small part of our brain that is mixed with our heart. We use to call it imagination, I use to see it as my biggest reality. That's why I prefer to sleep, and to dream, and to walk like I'm flying, and to smile like I'm crying.

I use to mix everything, the brain with the heart, the past with the future, the tears with the smiles, the hands.



We mixed our hands, and I didn't noticed that you have been there since always.

In the mix of reality and dreams, in that place that they use to call imagination, but actually is the place where I live.



The place where I build my chances and my reasons, my projects and my future, the place where I keep the memories and the hopes.

And you were always there, but I didn't notice.



Maybe because you didn't have a body, or a face, or a smell, but now I know you.



I know your place in my life, your smell in my nose, your eyes in my soul, your steps in my dance, your voice in my music, your hands in my hands, with the fingers mixed.






Istanbul. Taksim


Now I know you.

And now, that I finally saw you, I have to forget you.



They say all the time that I was dreaming.

You say that.

But I just want you to know, that I live there, in the same place where I dream.



And you were there.

And forgetting you, forget that you were always there, even before you have a face, or a smell, or a body, is the same than asking me to forget the place where I came from.



I won't do that.

I can't do that.



Sorry.

I love you.



*Mó

terça-feira, julho 22, 2008

Vou fechando os olhos.

A cada passo que dou no sentido infinito que tenho dentro de mim, vou chegando mais perto.
Examino as pedras do chão que calquei todos os dias,
que continuo a calcar cada vez que acordo, e elas conduzem-me para tantos lugares. sou eu por toda a parte,
em ruas de sol ou de chuva.

E é lá, nesse infinito de onde venho,
para onde parto cada vez que sonho,
que tu estás.



E vou fechando os olhos.
Lentamente, saboreando o tom doce dos passos que dou a voar,
vou caminhando e vou chegando mais perto...de ti.


...
Tão perto...

...Sinto já a tua mão nos meus olhos.

Adormece-me assim
...

Meu amor*

Mó*
vídeo: 1 de Janeiro de 2006.

domingo, julho 13, 2008

Dream on girl, dream on girl
I want to see you sleep tonight
You're up and down
You hit the ground
And time is drifting through your fears

I can't find your dreams tonight
And make your lover come back home
If you don't know, you are on your own
I'll choose the best place for your sleep

Come back to see the day
You lost your heart and all your hopes
I'll take you to see the sunrise
And try to catch your ghost, oh


Come on girl, a dream is your world
The signs you see are in your mind
The words that you speak, are here in my ear
So I can hear you falling down

Take a breath to see me
I can wait for you to
Live a live with no hopes but
If you still believe

Come back to see the day
You lost your heart and all your hopes
I'll take you to see the sunrise
And try to catch your ghost, oh


Dream on girl - Rita Redshoes

terça-feira, julho 08, 2008

Se um dia tiveres de voar
como os passaros pequeninos
ilumina-me de onde estiveres.

Eu vou pedir sempre a tua luz.

*Mó


sexta-feira, maio 16, 2008

«oui tu la connais, dans tes rêves»

continua tão eterno...

[Não é que eu queira fechar o livro, o vento é que vai virar a página.]




Stop and stare
I think I'm moving but I go nowhere
Yeah I know that everyone gets scared
But I've become what I can't be, oh
Stop and stare
You start to wonder why you're here not there
And you'd give anything to get what's fair
But fair ain't what you really need
Oh, you don't need

One Republic - stop and stare

Mó* 16.05.08

quinta-feira, maio 15, 2008


Quero ter a
porta onde entras
quero ser a
janela por onde sais
quero nascer
no lugar
que inventas

quero ser o teu cais.

Erguer-me nas manhãs sonolentas
adormecer
e saber onde vais

quero caír cada vez
que me tentas
e sorrir
com coisas banais.



Quero-te guardião
nas minhas tormentas
herói
das histórias colossais
vilão de
lugares que inventas
anjo de sonhos carnais.

Quero-te meu.
Sempre mais.


*Mó
17.02.08

terça-feira, janeiro 29, 2008

Hoje só me apetece dizer uma coisa...
Amo-te, patéta...

*Mó
29.01.08

segunda-feira, janeiro 28, 2008

De manhã está sempre tudo tão igual. Por entre os buracos da persiana, em contra luz, espreito a névoa e a sonolência das horas. Não abro a janela, custa acordar. Volto a deitar-me e adio o despertador. Ele toca e volto a adia-lo. Queria desmarcar a manhã do calendário e nascer com o calor do Sol bem alto. Queria soprar as nuvens e desviar a chuva da minha janela.
 
Visto-me ainda dentro dos lençóis, num esquema acrobático que inventei para fugir do frio. Entra vento pela minha janela, e as cortinas brincam comigo, desafiam-me.
Não abro a janela, já disse que não abro...
O candeeiro aceso impede-me de perceber o tamanho dos meus olhos. Quero ver pouco, saber pouco. Durmo sempre pouco. Por mais horas que durma.
Sonho pouco.

Saio de casa. Dentro do carro as mesmas vozes na mesma rádio contam-me coisas sempre tão parecidas. Páro, acelero, abrando outra vez. Desmaio. Acordo. Desmaio. Quase não acordo.
E sobe o sol, e desce a lua, e anunciam chuva para o fim do dia. 
O inverso do meu verso.
Vai custar despir para vestir o pijama arrefecido, vai custar deitar, vai custar dormir.
Vai custar olhar pela janela, o buraco da persiana agora em contra luz. Lá fora escuro, cá dentro luz a mais. Só o candeeiro não chega para ver o tamanho dos meus olhos.
Só o meu quarto não chega para sonhar.


De manhã.
Passeias os dedos pelos meus braços.
Está calor, e vejo-te sorrir com a ténue luz que entra pelos buraquinhos perfeitos da persiana. 
Deliciosa penumbra que nos protege, que expulsa o mundo de nós. Tens a voz rouca de quem sonhou toda a noite, de quem chamou por mim enquanto dormia. Conheço o teu sussurro. 
arrepio-me até à espinha. Tocas-me nos lábios cada vez que me olhas... Embrulhas-me dentro de ti e respiro fundo. Tão fundo.
Chutamos os lençóis, desfazemos os cobertores. tudo amontoado nos nossos pés, só a pele nos nossos corpos. 
O dia começou. 
O nosso dia começou.

Apertas-me com força. Sinto-me a encostar a testa no teu coração. 
A doçura das horas faz-me lembrar que é mais um dia perto de ti. Adoro o som dos segundos, o canto da rua agitada lá fora. Dentro do ninho, começo a expulsar a preguiça. Abres a janela, cantas aquelas musicas que te lembras de manhã com aquela voz desafinada e aguda. Fazes-me rir.

(amo-te).

Despimo-nos juntos, vestimo-nos juntos. Saímos do quarto com a pressa de quem quer viver mais um dia. Como se fosse o primeiro. Como se fosse o último.
Corremos as escadas uma por uma, ris-te de mim quando tropeço o último degrau. Quando caio nos teus braços.

(amo-te).

Lá fora o dia vai breve. Cá dentro amanheceu agora.
Lavamos os dentes, chapinhamos o lavatório com sabão de leite e mel. 
Agarro-te com tanta força, e encosto a cabeça no teu ombro. Os dois. E um espelho á nossa frente.
Paralisados no tempo fixamos o reflexo. 
Os teus traços fundem-se nos meus, os teus recortes encaixam em mim. Somos um só. 

(amo-te).

Sorrimos e não dizemos nada. Não precisamos de palavras.
Não queremos palavras.

(amo-te).

Saímos já mais devagar. Despedes-te com um até já. Eu digo-te até sempre. 

(Já tenho saudades tuas, amor).

De dentro do carro vejo o sol mais alto, as nuvens sopraram a névoa, o vento soprou as nuvens. Eu soprei o vento.
Chamei-te toda a viagem.
Cantei-te toda a viajem com a minha voz aguda, desafinada e rouca.
Passam-se as horas, os pássaros adormecem e acordam. Voltam a adormecer. 
Apanho boleia com a chuva do final da tarde. Dentro do carro o mesmo rádio, com as mesmas vozes...
Tudo tão doce...
Tudo tão nosso.

(Esta noite vou deixar a luz acesa, para o dia não acabar.
Até já meu amor. Até sempre.)
(amo-te).
*Mó
28.01.08

"What a difference a day made, twenty four little hours 
brought the sun and the flowers where there use to be rain
My yesterday was blue dear 
Today I'm a part of you dear
My lonely nights are through dear
Since you said you were mine
Oh, what a difference a day made
There's a rainbow before me
Skies above can't be stormy since that moment of bliss
That thrilling kiss
It's heaven when you find romance on your menu
What a difference a day made
And the difference is you, is you"

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Vens na noite,
de dentro da névoa,
como forasteiro perdido entre
o agora
e o depois.

Vens cansado,
com o passo pesado,
arrastado
pela promessa

do lugar que nos atravessa
aos dois.

Calculas os dia,
decoras os céus
e escondido entre véus
de orvalho
traças o teu único atalho:

Vens até mim,
e vens de todo o lado
como se todo o alcance
do meu grito
infinito
te tivesse encontrado,
te tivesse encantado,
no limbo fino
do destino sonhado.


imagem: http://botecoliterario.files.wordpress.com/2007/06/sombra-de-gato-errante.jpg

*Mó
11.01.08

terça-feira, janeiro 15, 2008

Em tom de paz
um som de vento.


Jaz
num corpo dormente
um lamento
iminente
e um contentamento.



Onde estás?
Onde estendo o véu
que te traz?

Em tom de paz,
em som de vento
levas na carne,
fugaz,
o lugar onde o corpo
satisfaz
o tempo.


Onde vais?
onde me levas nesse momento.

*Mó
06,01,08