terça-feira, setembro 08, 2009

pinxepe.




Parece que desceu o pano.

Os actores recolheram, a música acabou, as luzes apagaram. Ninguém saiu da sala. As lágrimas ainda não tiveram tempo de secar, coladas no rosto que vibrou. Atadas ao coração que sentiu.

Não houveram aplausos, eu não os ouvi. Não havia público, afinal.

Era a nossa peça, o nosso enredo, o nosso cenário.
Era a nossa música, no nosso tempo, nas nossas mãos.

Essa peça, atrás desse pano que agora desceu, era a nossa vida. A vida juntos que não chegamos a ser.

Fica um lugar confuso, entre a esperança e o desalento, porque escrevemos as linhas juntos, e agora não as sabemos ler.

O pano desceu.

Foram todos embora, menos eu e tu. Ficamos na memória de nós.

Porque não há drama depois do esquecimento, porque não há amor antes do sonho.
Sonhamos, sonhamos tanto...e isso, ainda que por trás do pano que agora desceu, é o que continua a vibrar dentro de nós.

Sejamos gratos pela história que soubemos escrever.

E antes que a sala feche, antes que tenhamos de sair, de nos despedir na porta onde um dia entramos, quero que saibas que te amo. Pelo que fomos, pelo que seremos para sempre...mesmo que não retornemos ao palco onde soubemos sonhar.


(não nos esqueças)

Mó*
08.09.09